quinta-feira, 9 de agosto de 2012

SÓ PODIA SER ELE, ALOYSIO NUNES!

Por Tadeu de Oliveira

Senado aprova exigência da obtenção de diploma para o exercício da profissão de jornalista

O tucano Aloysio Nunes Ferreira Filho (PDB-SP) foi um dos quatro vereadores que votaram contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que torna obrigatória a obtenção do diploma de curso superior de Jornalismo para o exercício da profissão no País e foi aprovada com 60 votos favoráveis.
Aloysio Nunes foi o único a se manifestar contra a proposta. No entender dele, a exigência do diploma de jornalismo interessa aos donos de faculdades privadas ruins. “Não há interesse público envolvido nisso. Pelo contrário, a profissão de jornalismo diz respeito diretamente à liberdade de expressão do pensamento, de modo que não pode estar sujeita a nenhum tipo de exigência legal nem mesmo constitucional”, defendeu.
Confundo o nobre senador tucano liberdade de expressão do pensamento com regulamentação de uma profissão exercida no dia a dia. Qualquer cidadão pode exercer seu direto de expressão e manifestação. Isso está na Constituição. Se sua opinião for importante, pode ser manifestada em qualquer veículo de comunicação que se interesse por ela. Nada impede.
Agora, para trabalhar em uma redação, é preciso sim estudar, aprender conceitos básicos de ética, legislação, economia, política e técnica de escrita jornalística e de entrevistas, saber diferenciar o jornalismo opinativo do informativo, entre outros quesitos.
Mas, para o nobre senador tucano, faculdade de jornalismo é “arapuca que não ensina nada e que vende a ilusão de um futuro profissional”. Pode até existir faculdade assim, mas não é a regra. E, como fiscalizador e legislador, deveria combater esse tipo de instituição, denunciando-as.
Aloysio Nunes lembrou ainda que, se a emenda for aprovada pelos deputados, a profissão de jornalista será a única a constar na Constituição. “Existem médicos, advogados e outros profissionais que são bons jornalistas, sem a necessidade de ter um diploma específico”, afirmou. Esses continuarão sim podendo se manifestar a qualquer momento, opinar, escrever artigos técnicos, conceder entrevistas, porque não. Sempre enriquece o debate.
“Será uma aberração colocar a profissão de jornalista na Constituição por razões meramente corporativas, para atender ao sindicalismo dos jornalistas, que é o mesmo que trabalha pelo controle social da mídia”, criticou Ferreira, com o tom nazista que caracteriza o tucanato da abominada direita neoliberal.
A senadora Ana Amélia (PP-RS) disse que, como jornalista diplomada, aprovaria a proposta por questão de coerência. Já o autor da proposta, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), atribuiu as críticas à proposta de emenda aos patrões de empresas de comunicação, interessados em contratar profissionais não diplomados por um salário menor.
O texto terá ainda de ser votado na Câmara dos Deputados, onde tramita uma proposta semelhante. Derrubada em 2009 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sob a alegação de que a Lei de Imprensa criada durante o regime militar atentava contra a liberdade de expressão. Lógico, se foi criada num regime de exceção que controlava e censurava a mídia, o que esperar dela.
Os tempos agora são outros e a profissão de jornalista precisa sim ser regulamenta. Parabéns aos senadores de bom senso, e aos deputados que já aprovara o projeto que tramita pela Câmara Federal em primeiro Turno.

* Egresso de Faculdade de Administração com ênfase em Comércio Exterior, formado e diplomado em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo, Tadeu de Oliveira é analista político, econômico e esportivo.

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