quinta-feira, 15 de setembro de 2011

DESACELERAÇÃO E SUPERÁVIT COMERCIAL

*Por Zé Dirceu

  Queriam o quê? Os mesmo que pediam a desaceleração, com mais juros e mais corte de gastos, são os que agora criticam e derramam lágrimas de crocodilo pela economia brasileira estar apresentando um ritmo menor. O fato é que aumentamos os juros, fizemos cortes no orçamento e limitamos o crédito. O resultado esta aí: desaceleração econômica.
  A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) já indicou que, entre as principais economias do planeta, o Brasil é o país que dá sinais mais claros de desaceleração econômica. Um indicador criado pela entidade (CLI) - com base no PIB, produção industrial e variáveis afins e que antecipa a atividade econômica nos próximos seis a nove meses - está mais fraco no Brasil que em qualquer outro dos principais países emergentes ou industrializados.
  O indicador composto tem como base o valor 100, que representa a intensidade da atividade econômica no longo prazo. Depois de se recuperar dos efeitos da crise econômica de 2008, o Brasil vinha conseguindo manter um indicador levemente acima da tendência. Mas, em julho recuou para 95. A título de comparação, o CLI indiano em julho ficou em 95,7.
  Expansão do PIB menor - “É um indicativo forte de que o Brasil terá uma desaceleração nos próximos seis a nove meses”, disse o porta-voz da OCDE Nadim Ahmad, que não soube detalhar a intensidade da desaceleração. O índice da OCDE está em linha com a percepção do mercado financeiro no País. Segundo o último boletim Focus, do Banco Central (BC), que levanta as expectativas dos agentes econômicos, a projeção de crescimento do PIB em 2011 foi reduzida de 3,67% para 3,56%. Para o ano que vem, a projeção para o crescimento da economia foi reduzida de 3,84% para 3,80%.
 Mas, é bom que se diga: balança comercial brasileira mantém bons resultados, apesar dos pesares. Conquistou um superávit de US$ 1,003 bi na segunda semana de setembro, elevando o saldo no acumulado do ano a US$ 21,279 bi - 78,6% acima do registrado no mesmo período de 2010 (US$ 11,914 bi). Com o resultado, o total alcançado nos noves meses incompletos deste ano é superior ao resultado total de 2010, de US$ 20,3 bi.
  A propósito da desaceleração da economia e do crescimento das exportações, o que tenho dito é que são os dois lados de uma mesma moeda: a força da economia brasileira e sua capacidade de enfrentar crises. É preciso manter em mente que crescer 3,5% ou 4% ao ano e criar mais de dois milhões e meio de empregos no mundo de hoje é um sucesso total.
  Agora é correr contra o tempo - Num mundo em crise e em recessão não há saída fácil e nem definida.
Agora é correr contra o tempo, reduzir os juros e sustentar os investimentos, o emprego e a renda, aumentar ainda mais a exportações e defender nossa indústria, controlando os capitais especulativos e reduzindo os juros. Vamos crescer e voltar aos 7% ao ano. É só questão de tempo.
om pragmatismo e sempre buscando o crescimento com distribuição de renda, a integração sul-americana e a conquista de novos mercados, temos de persistir no caminho que o povo escolheu por três vezes: crescer e criar empregos, combater a pobreza, modernizar nossa economia e ocupar nosso lugar no mundo.

* Publicado pelo Blog do Zé Dirceu em 13 de setembro de 2011. O advogado José Dirceu foi deputado federal, ministro-chefe e continua sendo uma das melhores cabeças pensantes do PT. Com o Blog do Zé, criou um espaço para discutir o Brasil.

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