AINDA A BRIGA PELA PATERNIDADE DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

“Brigam Espanha e Holanda, pelos direitos do mar; O mar é das gaivotas, que nele sabem voar; O mar é das gaivotas, e de quem sabe navegar”. Esse poema da saudosa Leila Diniz foi relembrado por conta da decisão da Copa da áfrica do Sul entre as seleções de Espanha e Portugal.
Mas nos remete à briga que os dois principais candidatos à Presidência travam pela paternidade do programa Bolsa Família, uma iniciativa de distribuição de renda cantada em verso e prosa pelo PT de Dilma, mas até então considerada eleitoreira pelo PSDB de Serra.
Gilberto Dimenstein afirmou em sua coluna de hoje na Folha que tudo começou quando o então governador petista Cristóvão Buarque, agora trabalhista, implantou o programa Bolsa Escola no Distrito Federal, na gestão 1995/1999.
Está meio certo só, porque tudo começou mesmo quando o senador Eduardo Suplicy, do PT, apresentou projeto de lei instituindo o Programa de Garantia de Renda Mínima. Aprovado por unanimidade pelo Senado em 1991, o projeto ficou engavetado mais de seis anos na Câmara dos Deputados, por força da maioria governista que bloqueava sua aprovação, seguindo orientação do então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Inspirado nesse projeto, finalmente aprovado em 1997, logo após aquela reeleição casualista, Fernando Henrique adotou o programa Bolsa-Escola instituído por Cristóvão Buarque, também por inspiração do senador Eduardo Suplicy. Logo em seguida, como resultado de um programa mal elaborado, vieram Vale-Gás, Vale-Alimentação e outros vales mais.
Depois transformados por Lula no programa Bolsa Família, uma iniciativa consistente de transferência de renda, citada inclusive como modelo pela ONU. E que Lula, com certeza, irá disseminar pelo mundo assim que encerrar o mandato presidencial.

PROGRAMAS DE GOVERNO – Os tucanos de alta plumagem desdenharam quando a candidata petista Dilma Russeff pediu alterações em alguns trechos polêmicos do programa de governo registrado pelo PT no Tribunal Superior Eleitoral – TSE.
O candidato José Serra foi mais além e acusou o PT e sua candidata de terem duas, três, sei lá quantas caras. Mas se esqueceu que nem programa de Governo o PSDB registrou no TSE. Ao que se sabe, foram protocolados dois discursos do candidato alinhavando em linhas gerais do que está bom e o que precisa mudar, na opinião dele e não na opinião do partido.
Um esboço do programa, semelhante aquele apresentado pelo PT para atender à legislação, ainda está sendo preparado pelo PSDB. Como a campanha está começando, muita coisa em debate ainda será acrescida aos respectivos programas de governo.
Por isso não se justifica a histeria da mídia parcial e golpista, nem a leviandade dos caciques demo-tucanos e muito menos o destempero do candidato José Serra!